sábado, 20 de junho de 2015

Não esqueço e não consigo aceitar...

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está? 


Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume' 

2 comentários:

Anónimo disse...

Dizem que o tempo ajuda a superar a dor da perda… mas o tempo é uma variável da vida do ser humano que é balizada e limitada por um intervalo (temporal). E isso acaba por ser antagónico, aquilo que nos ajuda a superar as mágoas está, ao mesmo tempo, a consumir e a esgotar o prazo da nossa existência. É aterrador este facto!
A efemeridade da vida é um facto incontornável. Nós, seres racionais, vamos tomando consciência disso à medida que vamos tomando noção da realidade, mas jamais queremos aceitar este facto, porque é de uma dureza imensa.
São estes antagonismos e dicotomias que fazem da vida uma caminhada difícil. São notáveis as pessoas que conseguem estabelecer um ponto de equilíbrio entre a razão e a emoção. Não sendo um crente, admiro quem se consegue refugiar na crença, seja ela qual for, para aprender a conviver com todas estas condicionantes.
O que importa é que cada um de nós consiga encontrar o seu ponto de equilíbrio emocional, seja ele pela via mais racional ou mais irracional. Um desafio imenso! A chave? Talvez a memória, pode acompanhar-nos para sempre.
Muita força e coragem para encontrar o ponto de equilíbrio.

Papoila Bem Me Quer disse...

Ao longo da minha vida passei por três perdas significativas, mais algumas mas estas três muito próximas, muito queridas e muito dolorosas. A primeira aos 8 anos de idade, outra aos vintes e esta aos trintas. Todas extremamente angustiantes.
Sendo agnóstica não tenho na fé um conforto que me ajude a encontrar esse ponto de equilíbrio tão necessário para continuar a respirar saudavelmente. Tenho que esperar que o tempo seja generoso e me perdoe. Mas, como bem referiu, acaba por ser contraditório que o mesmo tempo que nos consome seja o que trará alguma esperança. Enquanto esse tempo não chega, sinto que perdi a vontade de viver o que torna esta caminhada especialmente difícil.

Obrigada pelas palavras.