A discussão é sempre a mesma: público vs privado. Há quem defenda acerrimamente o sistema público enquanto outros refugiam-se no privado. Cada um com as suas razões (válidas, na minha opinião) e limitações.
Se por um lado todos os cidadãos deveriam ter direito à saúde e à educação por igual não obstante o dinheiro ou os conhecimentos que têm, por outro a liberdade de escolha de cada um tem que ser respeitada.
Ontem foi dia de nervos e preocupações. Mais um AVC sofrido com sequelas inevitáveis que, se devidamente acompanhado, poderia ter sido evitado ou pelo menos previsto e o seu impacto minorado. Digo eu, que não sou da área de saúde e a minha opinião vale o que vale. Muito pouco.
Mas ontem na Unidade Cerebrovascular do Hospital de S. José e em franco diálogo com a médica colocou-se a questão se estariam preparados para assistir este caso da melhor forma possível. A médica explicou que são a unidade de especialidade e referência da cidade e têm cuidados intensivos que alguns hospitais privados não disponibilizam. Acredito. Acredito que há equipamentos que os hospitais privados não adquirem devido ao elevado custo dos mesmos. Mas, infelizmente, também acredito que, nos hospitais públicos, os cuidados primários e intermédios muitas vezes são descurados, quer por falta de recursos humanos, quer por instalações deficitárias que não permitem a gestão do afluxo de utentes.
Este caso estava a ser acompanhado, há três meses, no Hospital de Santarém com um diagnóstico de tendinite. Um pé inchado e dores incómodas. Muitos anti-inflamatórios depois, a situação clínica mantinha-se. No passado sábado, em conversa informal e descontraída, verifica-se que o outro pé começava a apresentar sintomas idênticos. Muitas campainhas tocam a rebate e muitas questões se colocam sobre a diagnóstico de tendinite. Num abrir e fechar de olhos acontece um internamento por pneumonia que culmina num AVC.
Se os hospitais públicos dispõem de equipamentos e de recursos humanos altamente especializados para os casos complicados, situação que não acontece em todos os hospitais privados, porque é que não se investe também nos cuidados primários e na prevenção por forma a evitar o sofrimento das pessoas e, em última análise, a poupar dinheiro aos cofres do Estado. Certamente que estes cuidados intensivos, quer do ponto tecnológico quer do número de especialistas envolvidos, saem muito mais dispendiosos do que uma correcta triagem, diagnóstico e consequente terapêutica eficazes. Digo eu que não percebo nada disto e sou uma sonhadora totó.