sexta-feira, 7 de junho de 2013

O Rodrigo...


Sinto-me vazia, impotente e fiquei dormente com a notícia. Não consegui mais abstrair-me da nova realidade: o Rodrigo tinha partido.
Eu não conheci o Rodrigo, eu conheci a história do Rodrigo, um menino de sorriso fácil a quem foi roubada uma infância de saltos e gritos, jogos e corridas, disparates e joelhos esfolados. Uma vida de menino livre e feliz. E como tantos outros portugueses, não pude deixar de associar-me a tamanha onda de solidariedade. Torci pelo Rodrigo, acompanhei a sua evolução e fiz o que me foi possível a quase 4000 Km de distância. Não antecipei de todo este desfecho repentino e precipitado. Acreditei que se iria fazer a diferença. E fez-se com o apoio, dedicação e empenho de tanta gente. Infelizmente o Rodrigo não resistiu à brutalidade desta doença que vai colhendo a eito quem apanha pelo caminho.
Este menino deixa, no entanto, um legado ímpar: um acordar de consciências que rapidamente se multiplicou pelo país inteiro. Milhares de pessoas foram contagiadas por este menino tão pequenino que entrou no nosso coração. No meu entrou e ficou. E é difícil gerir e aceitar que a vida não tenha dado ao Rodrigo e à família uma nova oportunidade, uma cura ou mais tempo para lutar.
Hoje, para todos nós, é um novo dia. Para a família do Rodrigo é mais um dia de dor, de angústia, de revolta e de muita saudade. Desejo do fundo do coração, muito apertado e triste, que consigam encontrar alguma calma e paz de espírito, se é que é possível e que mãe do Rodrigo tenha muita coragem para conseguir voltar a respirar. A sua dor é inimaginável. E a todos nós que honremos a memória do Rodrigo e continuemos a aumentar a lista de possíveis dadores de medula óssea para renovarmos a esperança e a vida de todos os nossos Rodrigos.


2 comentários:

Anónimo disse...

A história do Rodrigo é, infelizmente, mais uma entre tantas outras. É a terrível evidência de que a vida tem pouco sentido. Ou nenhum! Se tiver-mos presente que mais de metade da população mundial passa por alguma privação (doença, fome, maus tratos, físicos e psicológicos, guerra, solidão,... enfim muito sofrimento - e talvez me devesse referir à totalidade dos animais e não apenas ao Homem), torna-se extremamente difícil sorrir para a vida, percebe-la ou aceitá-la. Ás vezes, pese embora das minhas dificuldades, sinto que não tenho o direito de exigir nada, quando outros têm muito menos do que eu. Sinto culpa por tanta gente ter menos do que eu. Mas é no seio deste antro de injustiça que temos que viver ou... sobreviver. Resta, portanto, a revolta a desilusão e a tristeza.

Papoila Bem Me Quer disse...

Eu acredito e quero acreditar que vale a pena viver e não sobreviver, no entanto, momentos há que dificultam olhar o futuro com esperança e um sorriso. Muitas vezes fazem-nos ter outra perspectiva sobre a vida e, se soubermos ouvir com atenção, crescemos e melhoramo-nos.
Se a vida tem sentido ou não, não sei! Quero que a minha passagem seja a melhor possível tendo em conta as injustiças, as tristezas e mágoas que tenha que gerir para continuar a acreditar que sim, que vale a pena.