sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Portugal pobre, muito pobre...

Nestes affaires obrigatórios de gente que usa saias (também), há a necessidade de frequentar aqueles sítios que prometem beleza e bom aspecto, mas que normalmente (eu) saio de lá com a cabeça feita em papa (por dentro e por fora)! Na última visita ao Sr. Spa, e entre conversas de pêlos e cabelos, levo um murro no estômago (não literal) que me arrefece o ânimo para qualquer outra coisa... Uma das "meninas" está de baixa para assistência à família porque os dois filhos estavam naquele preciso momento a serem operados! Os dois??? Pergunta minha muito inconveniente, pelos vistos! Apesar de o problema ser o mesmo, o grau da doença (problema, defeito, seja lá o que for) é diferente, mas a mãe preferiu que a operação fosse simultânea para utilizar um só período de baixa, em vez de dois!!! Quer seja pelo receio de perder o emprego ou pela falta que iria fazer ao orçamento familiar a diferença do salário versus subsídio da baixa, esta mãe viu-se obrigada a submeter um dos filhos a uma operação precoce ou talvez evitável... É este o país a que chamamos jardim à beira mar plantado! Hoje, na rua, um homem pede-me 20 cêntimos para comer... Sim, sinto-me uma privilegiada por não conhecer na primeira pessoa este mundo, mas sei que existe e é impossível não o reconhecermos com estes exemplos diários e o dinheiro que dei a este homem pode pagar-lhe o almoço mas não lhe resolve a vida, nem a ele nem a todos os que se encontram num estado tão fragilizado e que este Portugalito teima em ignorar...

4 comentários:

Anónimo disse...

Nós sempre estivemos na cauda da Europa no que respeita aos índices de desenvolvimento, cultura, bem estar social e humano. Geograficamente também o somos, parece uma coícidência eterna.
Pior é que, cada vez mais, estamos a regredir para o nível dos países pobres do continente africano, asiático e (sul) americano, até mesmo na qualidade da democracia! E uma das caracteríticas desses países é a existência de um fosso entre as classes baixa e alta, com a quase inexistência de classe média.
Cabe a todos nós fazer qualquer coisa para inverter o rumo e a injustiça social, a começar pela honestidade em tudo o que fazemos, e a não valorização do "chico-espertismo" e desonestidade intelectual. Pode ser pouco, mas é um principio, afinal a sociedade é o todo, composto por cada um de nós.

Papoila Bem Me Quer disse...

Sábias palavras... mas como dizia a minha avó, palavras leva-as o vento!!! Parece-me ser um problema por demais complexo que vai levar, com certeza, algumas gerações a resolver (se é que alguma vez..). É todo um conjunto de mentalidades, vontades, estratégias económicas e políticas e um sem número de reformas a aplicar que, eventualmente, poderá colocar este país no mapa dos ditos desenvolvidos!!! É triste, para mim, muito triste!

Anónimo disse...

É precisamente a mudança dessas mentalidades, vontades e culturas a que eu me refiro. Temos que começar por algum lado e não podemos estar sempre à espera que sejam os outros a agir. è pouco bem sei, mas pode ser o inicio da mudança. Eu não quero viver com o peso na consciência de não fazer a minha parte. Sim, eu sei que é uma acção humilde, mas nada é muito menos. Isto não evita a revolta e a tristeza... mas atenua.

Desculpe o discurso moralista :)

Papoila Bem Me Quer disse...

Concordo e muito. A tristeza vem de ver, neste país, tamanho potencial e resultados tão aquém do desejado. A tristeza de muito provavelmente já não vir a ser testemunha desse desenvolvimento e continuarmos nesta vida morna (para mim), porque para a maior parte dos portugueses, acredito que seja fria, muito fria! E sim, eu vou fazendo a minha parte... não me demito da responsabilidade que todos temos. Não sou uma cidadã que reclama só direitos!

E não tem que pedir desculpa nenhuma... as palavras, leva-as o vento... não eram dirigidas a si, mas sim a todos nós (aos que nada fazem)!