quinta-feira, 5 de maio de 2011

Tempo, volta para trás...

Hoje é dia de lágrimas, memórias e muitas histórias. Uma minha pessoa faria hoje 100 anos, se ainda estivesse deste lado (eu sei que ela ainda está comigo, mas do outro lado). Foi embora há oito anos e a saudade não acalma, não passa nem é esquecida! Dizem que é amor! Um amor imenso que teve por mim e para mim. Um amor que dá colo e aconchega, faz festas na cabeça e embala o sono. Contou-me todas as histórias de encantar e repetia-as sempre com um sorriso nos lábios, alimentando a minha fantasia. Mundos de princesas e palácios, sonhos e estrelas, bruxas más e fadas amiguinhas contadas numa voz doce e afinada. Cantava lindamente, cantigas do antigamente. Sabia as histórias da família de cor e salteado, da casa de Braga e de Lisboa, das desventuras no Brasil, das traquinices dos irmãos e ladaínhas da terra - como lhes chamava. A nossa enciclopédia familiar. Essa sabedoria mais ou menos popular mas com muito conteúdo. Esta minha pessoa era uma jovem de 92 anos que, com pele de porcelana e pouquíssimas rugas, dizia quando se via ao espelho (como somos e em que nos tornamos) num português torto, mas com todo o significado. Teve uma vida sofrida até ao fim. Pouca sorte, dizia! Outros tempos, desculpava-se!
Tempo volta para trás... traz-me tudo o que eu perdi...

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