domingo, 29 de agosto de 2010

O estado das coisas...

infelizmente e invariavelmente é um estado assim a tender para o mau! Falo deste nosso país, autêntico jardim à beira mar plantado, que parece (a mim) ter muito potencial, mas que continua a muitos anos de distância da média europeia. Pelo menos daquela Europa com a qual temos tanto a aprender. A Europa desenvolvida e mais endinheirada. É certo que o nosso país é pobre, muito mais pobre e menos desenvolvido que França, Alemanha e mesmo Espanha. Mas também é certo que nós, portugueses, somos um povo um bocadinho preguiçoso (aqui cai-me o mundo em cima). Cada vez que este é o tópico da discussão, sou quase trucidada, excomungada e apedrejada em praça pública. Mas vá... é só a minha opinião!

As pessoas (pelo menos a maior parte, e é óbvio que há muitas excepções) tem um único objectivo na vida. Dinheiro, de preferência fácil! Para aquela vidinha assim mais ou menos desinteressante, mais ou menos igual à dos outros. Sem esquecer a competitividade que existe em ter mais e melhor que o vizinho, primo ou irmão! Se o outro tem um carro assim, o meu tem que ter mais cavalos, a televisão mais polegadas, e tudo tem que ser maior e melhor! Nem que para isso se corte noutros bens (também) essenciais (formação, experiências, partilha, etc...). O que interessa são as coisas que são palpáveis e que podem ser vistas e comparadas.

Mas o que é que isto tem a ver com o estado do país?
Para mim, tem tudo... É esta mentalidade pequenina, pobrezinha e saloia que nos domina e que faz com que há muito tivéssemos perdido, ou melhor, não tivéssemos conseguido apanhar boleia do comboio europeu.
É verdade que o valor do salário mínimo em Portugal é vergonhoso. Como é que as pessoas conseguem viver dignamente com tão pouco? Saúde, educação, alimentação e habitação custam muito mais que 500€ por mês. Mas também é verdade que a lei do menor esforço impera em muitos lares portugueses!
Já passei pela experiência do despedimento (não por justa causa) e tive que usufruir do subsídio. E fi-lo durante um mês e meio e não descansei enquanto não resolvi a minha vida. Aliás, aparentemente, surpreendi a funcionária do centro de emprego ao informá-la que não iria utilizar o subsídio até ao fim. Ao contrário, vi um senhor a chegar ao centro de emprego de táxi! Pois claro, está desempregado, supostamente fragilizado, mas andar de transportes públicos é uma canseira.

Não sou melhor que ninguém, mas tenho uma posição perante a vida que me distancia da maior parte dos portugueses. A falta de cidadania, o egoísmo social, a tacanhez de pensamentos atrasam-nos enquanto pessoas e enquanto país. Porque um país não é nada... sem pessoas. Sem estas pessoas que assim o constituem.

E por tudo isto, fico triste por ver o nosso Portugalito assim tratado. Temos um clima simpático (muito diferente dos países do norte da Europa), uma gastronomia excelente (na minha gulosa opinião), uma costa extensa e pobremente aproveitada. Mas também temos gentes afáveis e com bom coração que precisam de um rumo dos nossos dirigentes para virarmos isto ao contrário. Quando o bem-estar social geral conseguir suplantar os interesses pessoais, talvez se consiga ver uma luzinha ao fundo do túnel. Eu gostaria muito...

4 comentários:

Anónimo disse...

Bem, inspiração precisava-se e... arranjou-se! Um texto moralista, revelador de alguma (muita) insatisfação de querer que todos remem para o mesmo lado, o da frente! Acho que sim! Precisamos muito disto, eu inclusive! Esse IP está sempre em países diferentes, agora confesso que já tenho curiosidade em saber a razão :)

Papoila Bem Me Quer disse...

Eu acho que o IP anda desorientado... diz-me que estou na Holanda e até estou um bocadinho mais longe!!!

Ricardo disse...

Sabes Papoila, eu tenho cá a minha teoria de que o mal nem é a preguiça, é sim a "esperteza saloia". Creio que entre o "clima simpático" e a "gastronomia excelente", nos perdemos no dolce fare niente ou, pelo menos, no deixa-me cá aproveitar a vidinha e alguém que se encarregue de pagar as continhas. Não é um defeito congénito, como se prova pelo que os Portugueses são capazes de alcançar lá fora, é mesmo comodismo produto da geografia. ;)

Papoila Bem Me Quer disse...

Deve ser castigo pelos pecados dos nossos antepassados... mas continuo a achar que há muita pobreza de espírito pelo nosso Portugalito fora!